Já sentiu que um filme foi além do que deveria ter ido? A explicação na primeira parte deste texto…
A coluna de hoje é dois-em-um.
Objetivos e mais objetivos
O sentido da vida. Não, não estou falando daquele filme do Monty Python. Eu me refiro a ter um plano, um norte para o que você pretende fazer logo ali adiante. Isso inclui faculdade, emprego, namorada, filhos... Tudo bem, nem todo mundo segue essa ordem (deveria?).
Não é diferente com o Cinema. Ao elaborar um filme, a equipe artística, chefiada pelo Diretor, define a cara da parada, combinam sobre o que vão contar. A esse objetivo maior dá-se o nome de superobjetivo. É a famosa “moral da história”. O que o filme quer mostrar? Que a humanidade é babaca? Que judeus são sempre os coitadinhos e os árabes uns excelentíssimos @#$%*§ ¢£? Ficar ciente de qual é o público-alvo ajuda nessa tarefa.
Acertada a moral da história, um diretor visa estabelecer, com seus atores, quais os objetivos de cada personagem e cena. Tudo isso, claro, baseado no que existe no roteiro. O roteiro também precisa mostrar os objetivos. E aí, meu bom, nem sempre um roteiro é seguido à risca. Como eu disse, é o Diretor quem define a cara do filme. Em conversa com o elenco, o realizador passa a ideia do que quer rodar e, como manda o figurino, tem de ficar aberto a aceitar sugestões dos atores.
O Diretor também se comunica com o Diretor de Arte e o Diretor de Fotografia. Tanto Direção de Arte quanto Direção de Fotografia estão aptos a darem seus pitacos e a comandarem suas respectivas áreas.
Lembrem-se, não existe arte mais colaborativa do que o Cinema!
Esses três figurões (Diretor, Diretor de Fotografia e Diretor de Arte) representam a “santíssima tríade” da fase de produção.
Mas voltando ao papo dos atores, a cena precisa ter um objetivo. Um personagem tem uma determinada função. Existe o objetivo maior de cada um (macro-objetivo) e os meios para se alcançar tal objetivo (micro-objetivos).
Macro-objetivo:
Um estudante de high school pretende perder a virgindade antes de entrar na faculdade.
Micro-objetivo:
Deixar trêbada a loira boazuda da sua sala, na festa da casa do melhor amigo, e convencer a moça para que ela dê para o cara.
Veja bem, embebedar a garota é apenas um dos meios para rolar uma bimbada. Dependendo da lógica do personagem, pode haver a possibilidade de outros métodos. Uma Magnum 44 ajudaria e muito no convencimento...
Over the top
Já sentiu que um filme foi além do que deveria ter ido?
A explicação na primeira parte deste texto serve para elucidar um descontentamento de certos cinéfilos. Um que houve ali perto do fim da década de 90. Eu falo de O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan), de 1998, produzido e dirigido por Steven Spielberg. Pergunto: qual é o superobjetivo do filme? Resgatar o Ryan (Matt Damon), certo? Por quê? O Tio Sam achou que a mãe do cara merecia o único filho que restara. Conseguiram o objetivo? Aham. E aí, acaba o filme? Não!
Pois é, O Resgate do Soldado Ryan não acaba aonde supostamente acabaria. O público, a essa altura, sente que o resto é barriga, encheção de linguiça, mesmo tendo um dos melhores 20 minutos de um início de filme (a invasão na Normandia, hein, hein?). Situação semelhante provocou O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei. Lembram? Qual é mesmo o objetivo de Frodo e Sam? Queimar o anel (ui!).
O Peter Jackson se viu numa forquilha. Respeitar a origem bibliográfica ou seguir adiante com os, por assim dizer, dogmas cinematográficos?
Entendam: filme é filme e livro é livro! Isso é óbvio, mas existe muita gente que esquece que filme e livro são meios bem distintos. Cada um com seu cada qual. Por isso as adaptações são necessárias. Não somente para o fluxo da história como também outras implicações artísticas e logísticas envolvidas na feitura de uma película.
Quem leu o livro de J. R. R. Tolkien sabe que a história continua depois que o redondo pega fogo. Peter Jackson fez o agrado dos fãs da obra e traiu o protocolo fílmico. Syd Field surtaria...
Em tempo: a lista dos indicados ao Oscar saiu no dia 25 e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas EXCLUIU o diretor Christopher Nolan e o montador Lee Smith (ambos de A Origem). Então tá, né?
Não, ainda não assisti ao Hannibal – A Origem do Mal. Té mais!
Cinema Insano, por Lucas Penafort
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